segunda-feira, 6 de julho de 2009

REDE MANDIOCA E O DESENVOLVIMENTO SOLIDÁRIO E SUSTENTÁVEL

O modelo de desenvolvimento adotado pelos governos no Brasil para o setor rural brasileiro, por não dar respostas satisfatórias ao conjunto de fatores que envolvem a produção agropecuária e atividades ligada ao meio. vem passando ao longo dos anos por algumas transformações

Nas décadas de 60 e 70 os investimentos foram direcionados ao projeto que privilegiava o uso indiscriminado de produtos químicos como os agrotóxicos, os adubos, sementes melhoradas e etc. Como conseqüência desse modelo ampliou-se o desmatamento, aumentou-se a especulação das terras agricultáveis, reduziu-se a quantidade de variedades disponíveis, culminando com o endividamento dos agricultores/as familiares.

Diante desses desafios, as comunidades rurais vêm construindo alternativas na busca de superar os problemas provocados pelo modelo capitalista da “Revolução Verde”.
A Cáritas Brasileira Regional Maranhão aposta firmemente na Agroecologia por entender que essa ciência nasce com a proposta de reunir todos estes esforços na procura da sustentabilidade, não somente da agricultura familiar, mas da vida humana neste planeta.

Esse novo jeito propõe uma agricultura socialmente justa, economicamente viável e ecologicamente sustentável. Trabalha um modelo de relacionamento com a natureza que estabelece uma ética baseada nos princípios da criação, tendo a justiça e a solidariedade como valores fundamentais. Assim, a Agroecologia é relacionada diretamente ao conceito de sustentabilidade e justiça social.

Na visão agroecológica a terra é considerada um sistema vivo e complexo, e respeita a diversidade dos povos, das plantas, animais, microorganismos e minerais em suas infinitas formas de relações.

A agroecologia engloba modernas ramificações e especializações, como: agricultura biodinâmica, ecológica, natural, orgânica, sistemas agroflorestais, permacultura e outros.

É nesse contexto de renovação que surge a Rede Mandioca com propósito de apoiar os grupos formais e informais das comunidades rurais onde a Cáritas trabalha, direcionada para a organização da produção a partir dos princípios agroecologicos e da economia solidária, no beneficiamento e na comercialização de todos os produtos oriundos da agricultura familiar.

Tendo a cultura da mandioca como prioridade dentro da REDE devido a sua importância cultural e alimentar bem como na economia do estado, o apoio da Cáritas Brasileira perpassa por outras atividades econômicas desenvolvidas pelos agricultores/as familiares nas comunidades.

No intuito de agregar valor aos produtos da agricultura familiar trabalhamos na perspectiva de inserir e/ou melhorar estruturas e equipamentos adequados a realidade das comunidades respeitando sua cultura e os costumes existentes que foram construídos ao longo da história.

Dentro do processo produtivo a comercialização dos produtos é um setor muito importante, pois da comercialização dos produtos advêm o dinheiro para garantir a manutenção da família. Neste sentido a Cáritas Brasileira trabalha junto aos grupos na construção de alternativas que coloque agricultores/as frente a frente com consumidores descartando definitivamente a figura indesejável do atravessador dentro do processo produtivo, especialmente nos espaços de comercialização.

Para tanto é importante investir na capacitação dos agricultores/as para que consigam trabalhar a formação de preços para os seus produtos, relação com os consumidores, apresentação dos produtos entre outras coisas, além de informações sobre as questões legais e sanitárias.

Para efetivar a comercialização dos produtos é necessário a construção de espaços locais e regionais de comercialização (Feiras livres, cooperativas) oferecendo produtos de qualidade para população urbana, possibilitando maior integração de quem produz com quem consome, construindo uma relação de confiança e de ética de forma responsável e consciente visando um desenvolvimento sustentável e mais humanitário.

Pensando em um desenvolvimento mais equilibrado entre aos aspectos econômicos, social, cultural e ambiental é que a Cáritas Brasileira visualiza um cenário futuro, onde agricultores/as famíliares, produzindo a partir dos princípios da agroecologia e da economia solidária, consigam estabelecer parcerias estratégicas de comercialização com os grupos urbanos, fortalecendo as redes de produção, comercialização e consumo ético e solidário.

Agindo dessa forma, a Cáritas Brasileira acredita estar contribuindo para um desenvolvimento realmente sustentável garantindo um ambiente saudável para as gerações futuras produzirem e reproduzirem, bem como colocar a disposição dos governantes as boas experiências para serem aproveitadas e replicadas em escala regional/territorial beneficiando um maior numero de agricultores/as do Estado do Maranhão.

Jaime Conrado de Oliveira
Assessor de Desenvolvimento Solidário e Sustentável
Cáritas Brasileira Regional Maranhão

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