segunda-feira, 5 de outubro de 2009

FAO - PRODUÇÃO DE ALIMENTOS ATÉ 2050

Representação do Brasil junto à FAO, 24/9/9 - A FAO divulgou Nota à Imprensa sobre as perspectivas em relação à produção mundial de alimentos para o combate à fome e à pobreza até 2050, baseada no primeiro "discussion paper" produzido por ocasião dos preparativos para o Fórum de Especialistas de Alto Nível "Como alimentar o mundo em 2050?" (Roma, 12 e 13 de outubro de 2009). O documento, intitulado "Agricultura Global até 2050", é o primeiro de seis breviários da Agência sobre os seguintes temas: mudanças climáticas e desafios de bioenergia para a alimentação e a agricultura, o desafio tecnológico, investimento, comércio mundial de produtos agrícolas e o desafio especial para a África Subsaariana.

Segundo a FAO, considerando o crescimento populacional mundial previsto em 2,3 bilhões até aquele ano, seria necessário um incremento de 70%% na produção de alimentos a fim de atender às novas demandas. Tal desafio deverá ser ainda mais complexo, tendo em vista o contexto de recursos naturais escassos em várias regiões do mundo e as necessárias adaptações agrícolas às mudanças climáticas nas próximas décadas.

Apesar dos fatores complicadores descritos acima, o Diretor-Geral Adjunto do Departamento Econômico e Social da FAO, Hafez Ghanem, demonstra otimismo cauteloso quanto ao potencial do mundo para alimentar-se até 2050. Segundo Ghanem, contudo, faz-se necessária uma estrutura sócio-econômica apropriada para mitigar desequilíbrios e desigualdades, com vistas a garantir que todos tenham acesso a alimentos nos próximos anos.

De acordo com as últimas projeções das Nações Unidas, a população mundial aumentará de 6,8 bilhões para 9,1 bilhões em 2050, o que representa cerca de um terço adicional de seres humanos em relação ao número atual. Ademais, o nível global de renda deverá aumentar. Consequentemente, a demanda por alimentos deve seguir aumentando. Por outro lado, a produção de biocombustíveis também deverá estimular a demanda por produtos agrícolas, dependendo do preço da energia e das políticas governamentais. Dessa forma, são analisados os limites da suficiência e da sustentabilidade de alguns recursos naturais e fatores de produção no contexto de combate internacional à fome e à pobreza no referido prazo.

No que tange às terra aráveis, estas terão que expandir cerca de 120 milhões de hectares nos países em desenvolvimento, sobretudo naqueles da África Subsaariana e na América Latina. Já nos países desenvolvidos, prevê-se que as terras aráveis declinem cerca de 50 milhões de hectares até 2050, quadro que poderia ser alterado segundo suas demandas por biocombustíveis. A esse respeito, a Agência informou ainda que há recursos suficientes para alimentar a população até 2050. Contudo, muito das áreas potencialmente utilizáveis estão concentradas em poucos países e muitas delas seriam apropriadas somente para alguns tipos de cultivos, não necessariamente aqueles mais demandados. Além disso, muitas dessas fronteiras agrícolas já sofrem de algum tipo de limitação física ou da falta de infraestrutura adequada, que não seria facilmente superada. Dessa forma, investimentos significativos teriam de ser empreendidos a fim de se iniciar uma produção eficiente em tais áreas.

No que diz respeito à água, os recursos hídricos parecem ser suficientes, mas sua escassez alcançará níveis alarmantes principalmente no norte da África e no sul da Ásia. A utilização de menor quantidade de água e a maior produtividade de alimentos será essencial para enfrentar os problemas derivados de sua crescente escassez.

Finalmente, acredita-se no potencial das safras agrícolas para alimentar a crescente população mundial. Os temores de que estas safras estejam alcançando um limite seriam infundados, com exceção de casos específicos.

A FAO encoraja os países a intervirem mais fortemente com a finalidade de agilizar avanços na redução e, finalmente, na eliminação da fome e da pobreza. Para tanto, os investimentos na agricultura primária deverão tornar-se prioritários. Investimentos em infraestrutura rural, em serviços de pesquisa e extensão, em títulos e direitos agrários, em análise de riscos, e em sistemas de controle de segurança alimentar, dentre outras iniciativas, deverão ocupar maior espaço na agenda internacional. Muitas dessas questões poderão objeto de discussão na Cúpula Mundial sobre Segurança Alimentar (Roma, 16-18 de novembro de 2009).

A nota sobre o assunto pode ser acessada na página web da FAO: http://www.fao.org/news/story/en/item/35571/icode.


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