quarta-feira, 22 de abril de 2009

GESTÃO DA REDE MANDIOCA

A REDE MANDIOCA estar articulada em 16 municípios maranhenses[1] envolvendo 54 grupos organizados em associações, cooperativas e/ou grupos informais, trabalhando com um público de aproximadamente 1.620 famílias diretamente e 8.100 pessoas indireto, todos são agricultores e agricultoras familiares e sobrevive dos resultados gerados pelo trabalho desenvolvido nas atividades da agricultura, criação de pequenos animais e de alguma atividade de extrativismo a exemplo do babaçu, buriti.

Surgiu em 2004 inspirada em outras experiências de rede bem sucedidas da Economia Popular Solidária, como a Rede Abelha nos estados nordestinos, Rede de Sementes, a Justa Trama, articulada em vários estados brasileiros, entre outras, que estão alicerçadas na construção dos processos produtivos (cadeias produtivas), que vai desde a organização da produção até o consumidor final.

A idéia surgiu em um encontro de planejamento da Cáritas Brasileira Regional Maranhão, a partir da constatação do potencial econômico e cultural da mandioca no Maranhão.

O QUE É A REDE MANDIOCA:
É uma articulação estadual de organizações formais e informais de agricultores e agricultoras familiares que atuam diretamente no cultivo, manejo, beneficiamento e comercialização da mandioca e seus derivados.

OBJETIVOS DA REDE MANDIOCA
Estimular junto aos grupos de agricultores e agricultoras a criação da REDE MANDIOCA no Maranhão, garantindo maior visibilidade do cultivo, melhorando a qualidade da produção e conseqüentemente a renda das famílias, buscando sobretudo, viabilizar a comercialização através da REDE nas perspectivas da Economia Solidária.

Suas ações são orientadas por uma Carta de Princípios aprovada na primeira plenária Estadual ocorrida nos dias 11 e 12 de abril de 2008 na cidade de Vargem Grande que contou com a participação de aproximadamente 120 representantes de organizações filiadas a Rede e convidados.

FORMA DE GESTÃO DE ALGUMAS ORGANIZAÇÕES E REDES NO ESTADO:
No Maranhão existem várias experiências bem sucedidas que podemos nos espelhar e tirar como lições para a construção de uma proposta gestionária que venha fortalecer a Rede mandioca nos aspectos administrativo, estruturais, organizativo, financeiro e etc.

Rede de Agroecologia do Maranhão – RAMA: Foi criada nos anos 90 com o objetivo de articular as organizações maranhenses que trabalha com iniciativas agroecologicas tendo como principios os seguintes: Manejo sustentável do solo, Valorização e resgate de sementes tradicionais, Controle alternativo de pragas e doenças das plantas e dos animais, Conservação e manejo dos ecossistemas aquáticos, Integração das criações de animais no sistema de produção familiar diversificado, Conquista de mercados consumidores para os produtos orgânicos da agricultura familiar, Respeito a produção familiar com base na agroecologia, Reconhecimento e valorização da mulher agricultora e da juventude rural, Desenvolvimento de esperiências no Maranhão com bases agroecológicas, Mobilização da sociedade para a discussão da agroecologia, Efeitos do fogo sobre os agroecossistemas. Sua estrutura organizacional estar baseada em plenárias/assembléias estaduais que acontecem a cada ano, sendo a estancia máxima dessa Rede, espaço de discussão e proposição para uma política de ação voltda para um desenvolvimento sustentável, seguindo de uma coordenação composta por entidades filiadas (espaço de direção) com uma secretaria executiva (espaço de execução das ações, hoje assumida pela Tijupá), sob a orientação de uma Carta de princípio aprovada por todos em plenária/assembléia.

Fórum Estadual de Economia Solidária – FEESMA: Com a criação em 2003 da Secretaria Nacional de Economia Solidaria dentro do Governo Lula, fometou a criação do Fórum Brasileiro de Economia Solidária que se caracteriza por: relações de colaboração solidária; valores culturais; tem o ser humano como sujeito e finalidade da atividade economica; autogestão dos empreendimentos; desenvolvimento comunitário; justiça social; cuidado com o meio ambiente; responsabilidade com as gerações futuras, e que tem como valores, princíos e praticas a luta dos trabalhadores contra a subordinação do trabalho pelo capital e valorização da propriedade/gestão coletiva dos meios de produção, da solidariedade e cooperação mútua, a luta da agricultura familiar e da reforma agrária pela democratização do acesso e uso da terra, água e dos recursos genéticos, a luta das comunidades tradicionais pelo reconhecimento e valorização de conhecimento e práticas tradicionais, valorização da diversidade étnica, promoção dos direitos territoriais e de sua autodeterminação, a luta pela reforma urbana, pela gestão coletiva dos espaços urbanos e da moradia, reciclagem dos resíduos sólidos, controle dos orçamentos pela população e definição de políticas públicas, a luta das mulheres contra a discriminação e pelo reconhecimento do lugar fundamental da mulher e do feminino numa economia fundada na solidariedade, a luta ambiental pelo desenvolvimento sustentável, pela preservação dos recursos naturais e ecossistemas. Sua estruturação estar baseada na participação efetiva de grupos produtivos (agrícolas, extrativistas, artesanais) rurais e urbanos, bem como entidades de assessorias/apoio. O FEESMA reuni-se ordinariamente uma vez por anos (plenaria) para avaliar as ações planejadas e planejar as ações futuras que são trabalhadas por uma coordenção geral composta por 12 representantes de grupos produtivos e entidades de assessoria/apoio tendo uma secretaria executiva para dar encaminhamento as ações planejadas. Para facilitar o trabalho no interior do Estado, dividimos o Estado em grandes regiões (Mearim, Cocais, Baixo Parnaiba, Tocantina, Lençois/munin, Alto Turi, São Luis, Baixada) e em cada região trabalhamos com uma entidade de referencia para facilitar os contatos e coordenar as ações do Fórum naquela região.

Rede Cáritas: A Cáritas Brasileira, criada em 12 de novembro de 1956 é um organismo da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e com esta relacionada, nos termos de seu Estatuto, é uma sociedade civil de direito privado, de duração indeterminada, de âmbito nacional, de caráter beneficente e filantrópico, sem fins lucrativos, com sede e foro em Brasília, Distrito Federal. Integra a rede Caritas Internationalis. Atua numa perspectiva ecumênica, estabelecendo parcerias com organismos nacionais e internacionais pelo resgate dos direitos humanos. Sua missão é “testemunhar e anunciar o Evangelho de Jesus Cristo, defendendo e promovendo a vida e participando da construção solidária de uma sociedade justa, igualitária e plural, junto com as pessoas em situação de exclusão social”.

A CÁRITAS BRASILEIRA REGIONAL MARANHÃO tem sede em São Luis, atua em oito regiões diocesanas, compreendendo cerca de 80 municípios em todo o Estado, desenvolvendo ações de formação, mobilização e articulação juntos a grupos e comunidades em vista da conquista e garantia de direitos e proposição de um novo modelo de desenvolvimento solidário e sustentável. Organiza suas ações através de duas assembléias regionais por ano com participação de representantes das equipes de cáritas diocesanas e dos grupos acompanhados.

Existem no Maranhão outras formas e estruturas organizativas nas mais diferentes entidades e redes. Na perspectiva de se construir uma forma de gestão para Rede mandioca, como seria esta estrutura organizativa que comportasse esse formato da Rede mandioca em todo o estado?

Jaime Conrado
Assessor DSST

[1] Os municípios que compõe a REDE MANDIOCA são: Barra do Corda, São Bernardo, São Mateus, Balsas, Magalhães de Almeida, Araióses, Viana, Penalva, Moscão, Cajapió, Codó, Vargem Grande, Trizidela do Vale, Lago da Pedra e Pedreiras.

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