terça-feira, 8 de setembro de 2009

ÁLCOOL DE MANDIOCA

*José Reynaldo Bastos da Silva

Produzir álcool de mandioca não é novidade no Brasil. Desde os primeiros tempos da implementação do Proálcool, o programa brasileiro criado no final de 1975, a mandioca era considerada uma alternativa viável para a produção de etanol. Naquela época, seis usinas foram instaladas no Brasil para a produção de álcool a partir da mandioca. Entre 1978 e 1983, a Petrobrás produziu o combustível em uma unidade do Maranhão, a única que conseguiu com certa rotina, por se tratar de região relativamente vocacionada. No entanto, de uma maneira geral, essas usinas foram construídas em regiões pouco tradicionais de produção e industrialização econômica da mandioca e acabaram inviáveis. E também porque àquela época inexistia uma tecnologia eficiente para o cultivo e industrialização da mandioca em grande escala.

Desde então, o cenário da mandioca sofreu modificações, com um considerável desenvolvimento tecnológico da cultura e de seus processos industriais, principalmente nos Estados de São Paulo, Paraná e Mato Grosso do Sul. Aqui se formou um complexo industrial que produz e processa anualmente 6 milhões de toneladas de raízes de mandioca para farinhas, féculas e seus derivados. Criou-se também uma indústria de insumos especializados para o cultivo e industrialização da mandioca que faz da região uma referência mundial. Com essas novas tecnologias industriais, mais de 600 produtos podem ser obtidos da mandioca para utilização em vários setores, tais como as indústrias de alimentação humana, alimentação animal, mineração, farmacêutica, têxtil, papel, papelão, colas, etc.

A mandioca voltou a entrar na pauta de discussão para a produção de etanol desde que se intensificou a busca por combustíveis renováveis e não poluentes em substituição ao petróleo, hoje com seu preço na casa de 100 dólares o barril. Ela é também uma das matérias-primas mais cotadas para substituir os produtos de plástico fabricados com os derivados de petróleo, com a vantagem de propiciar a fabricação de um plástico biodegradável.

Com relação ao processamento, assim como todas as matérias-primas amiláceas (ex.: milho utilizado atualmente para a produção de etanol nos Estados Unidos), a mandioca deve ter o amido quebrado em moléculas menores para que possa ser transformada em álcool pelas leveduras. Nos anos 1970, esse processo era bastante restritivo. Porém atualmente as enzimas utilizadas no processo são eficientes.

Uma das grandes vantagens para exploração da mandioca como produtora de etanol é que não existe no mundo um país que disponha de tanta diversidade genética dessa planta como o Brasil, porque ela foi gerada e domesticada aqui. Enquanto 1 tonelada de cana produz 85 litros de álcool, 1 tonelada de mandioca com rendimento de 33% de amido e 2% de açúcares produz 211 litros de álcool combustível. Já existem variedades de mandioca com 36% de amido, o que proporciona 230 litros de álcool combustível por tonelada de mandioca.

No Estado de São Paulo, a produtividade média da mandioca está em torno de 26 toneladas por hectare/ano ou 62,92 toneladas por alqueire paulista/ano, o que proporciona 5.486 litros de álcool por hectare/ano ou 13.276 litros de álcool por alqueire/ano na produtividade de álcool mais modesta (211 litros de álcool combustível por tonelada de mandioca).

Recentemente foi descoberta pela Embrapa/Recursos Genéticos e Biotecnologia (de Brasília), na Amazônia brasileira (o “berço” da mandioca), uma variedade de mandioca com grande quantidade de açúcares na raiz. Esses açúcares são predominantemente glicoses, que é o substrato utilizado no processo de fermentação/destilação para a produção do etanol. Essa variedade é uma mutação genética, guardada e usada pelos índios brasileiros para obtenção de cachaça, chamada por eles de “tiquira” ou “caxirim”. A domesticação dessa variedade e seu cruzamento com plantas adaptadas a outras regiões do Brasil, resultou em uma nova variedade que dispensa o processo de hidrólise do amido da mandioca para transformação em açúcar e conversão em álcoois, inclusive o carburante para o combustível. A eliminação da hidrólise do amido reduz em torno de 30% o consumo de energia no processo de produção de etanol de mandioca.

Enquanto a cana se desenvolveu como um sistema de produção de grande escala centralizada e concentradora de renda, a mandioca para a produção de etanol pode basear-se em um modelo totalmente diferente, de grande escala descentralizada e distribuidora de renda. Esse modelo estaria fundamentado em milhões de pequenas propriedades agrícolas extremamente eficientes e distribuidoras de renda e novas oportunidades de trabalho pelas regiões interioranas de municípios de pequenas cidades do Brasil. Particularmente no Estado de São Paulo e na Região do Vale do Paranapanema, naturalmente vocacionados e tradicionais produtores de mandioca; aqui, em municípios como Cândido Mota e Palmital, a mandioca atinge a produtividade média de 33 toneladas por hectare/ano, o recorde mundial. Isso totaliza quase 80 toneladas por alqueire paulista/ano, ou seja, aproximadamente 16.880 litros de álcool por alqueire paulista/ano, considerando a produtividade média de 211 litros de etanol por tonelada de mandioca/ano. Considerando a produtividade máxima de 230 litros de etanol por tonelada de mandioca/ano seriam 18.400 litros de álcool por alqueire paulista/ano.

É claro que não se pensa em fazer a mandioca desbancar a cana, mas simplesmente em recolocá-la também no foco de análise econômica alternativa para produtores de pequeno porte. Ou até mesmo como uma opção complementar à ociosidade industrial das usinas de cana durante a longa entressafra da cana (até 6 meses). Além do que, o álcool da mandioca é de superior qualidade ao da cana, por ser totalmente puro, o que o indica com vantagem para a destilação de álcoois finos para perfumaria e bebidas etílicas.

Vale a pena repensar, nos tempos atuais, o álcool de mandioca!

*José Reynaldo Bastos da Silva, é presidente da Câmara Setorial da Mandioca do Estado de São Paulo, contato: apmesp@cmotanet.com.br Avenida Gilfredo Boretti, 60 – Trevo João Doná, Cândido Mota-SP, telefone (0xx18) 3341 6288.

2 comentários:

Unknown disse...

Desejo e deixo nestas poucas palavras sinceros votos de muita SABEDORIA, CONHECIMENTO, ENTENDIMENTO e principalmente DISCERNIMENTO em todos os seus caminhos. Acabei de depositar na conta de cada um de vocês a importância de muitos DIAS, SEMANAS, MESES E ANOS DE FELICIDADE E PROSPERIDADE, SAÚDE, PAZ, AMOR e que Deus estenda às mãos sobre vocês e toda sua família e acrescente 100 por cento de juros em cima de tudo isso. “A MAIOR RECOMPENSA PELO TRABALHO NÃO É O QUE A PESSOA GANHA, MAS O QUE ELA SE TORNA ATRAVÉS DELE.”


DESEJO SUCESSO A TODOS!


PAULO SOLUÇÃO
www.paulinhosolucao.blogspot.com
paulinhosolucao@gmail.com
paulo.1470@hotmail.com
Salto/SP

Unknown disse...

Desejo e deixo nestas poucas palavras sinceros votos de muita SABEDORIA, CONHECIMENTO, ENTENDIMENTO e principalmente DISCERNIMENTO em todos os seus caminhos. Acabei de depositar na conta de cada um de vocês a importância de muitos DIAS, SEMANAS, MESES E ANOS DE FELICIDADE E PROSPERIDADE, SAÚDE, PAZ, AMOR e que Deus estenda às mãos sobre vocês e toda sua família e acrescente 100 por cento de juros em cima de tudo isso. “A MAIOR RECOMPENSA PELO TRABALHO NÃO É O QUE A PESSOA GANHA, MAS O QUE ELA SE TORNA ATRAVÉS DELE.”


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PAULO SOLUÇÃO
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