segunda-feira, 8 de junho de 2009

CONSUMIDOR DE MANDIOCA PAGA SEIS VEZES MAIS O PREÇO RECEBIDO PELO PRODUTOR

Os preços da raiz de mandioca subiram 1,5% em maio, na comparação com abril, segundo levantamento realizado com exclusividade pela Natural Comunicação/Sistema de Informações Agroindustriais da Mandioca Brasileira, no interior paulista. O preço médio foi de R$ 1,36/quilo, ante R$ 1,34 no mês anterior. O destaque ficou por conta da grande disparidade de valores encontrada nos supermercados visitados por nossa equipe, em maio. No momento da pesquisa, a raiz era vendida de R$ 0,96/quilo a R$ 1,59/quilo, dependendo do ponto de venda.


No mercado atacadista da Ceagesp, a caixa de 23 quilos da raiz de mesa subiu 2,7% para a mandioca graúda e 7,1% para a mandioca média, na comparação de maio com abril. O preço médio foi de R$ 16,05 e R$ 12,33/caixa, respectivamente.

Os preços da raiz de mesa ao produtor, por outro lado, recuaram cerca de 38% na comparação da média de maio (R$ 5,05/caixa de 23 quilos em Mogi Mirim e Sorocaba) com a média de abril (R$ 8,10/cx), segundo dados do Instituto de Economia Agrícola (IEA). Em plena safra, o avanço da colheita da mandioca pressiona fortemente os valores recebidos pelos produtores, mas ainda não interfere nos preços ao consumidor, que paga caro pelo quilo da raiz.

Se considerarmos o preço de R$ 5,05 pela caixa de 23 quilos, chegamos a um preço por quilo equivalente a R$ 0,22, o que indica que o consumidor paga seis vezes mais (R$ 1,36) pelo quilo da raiz de mesa do que o valor que o produtor recebe por sua venda.

No varejo, as farinhas cruas secas finas tipo 1 e 2 registraram queda, enquanto as torradas tiveram aumento ou queda, dependendo da especificação (tipo e embalagem). No atacado, o comportamento dos preços também não foi padrão, registrando alta ou baixa dependendo da fonte consultada. Veja as tabelas de preços para mais informações.

O consumidor de farofas temperadas, por sua vez, se deparou com preços mais altos em todas as categorias encontradas nos supermercados visitados, em maio. A embalagem com 50g subiu 30,3%, sendo cotada em média a R$ 1,29. A embalagem com 300g subiu 12,2%, ficando na média a R$ 2,48. Destaca-se, aqui, a significativa diferença de preços observada para uma mesma marca em pontos de venda diferentes. A farofa temperada Yoki Suave, por exemplo, custava de R$ 1,88 a R$ 3,25/pacote de 300g, dependendo do supermercado.

A fécula e seus derivados apresentaram preços menores no varejo em maio, na comparação com abril. O polvilho doce recuou 16,9%, para a média de R$ 2,26, e o azedo recuou 3,5%, para R$ 2,48, ambos em pacote com 500g. O consumidor podia optar, neste caso, por marcas que representavam mais economia (como as marcas próprias, oferecidas a R$ 0,99 tanto para o polvilho doce quanto para o azedo) como por marcas tradicionais, como a Yoki, vendida a R$ 3,09 (polvilho doce) e a R$ 3,39 (azedo) – uma diferença que chega a 242%.

A tapioca granulada caiu 8,9% e o sagu, por sua vez, subiu 16,4% nos supermercados do interior paulista acompanhados por nossa equipe.

Os pães-de-queijo, disponíveis aos consumidores em diversas opções (tamanhos, embalagens, sabores, etc), tiveram preços médios mais altos em maio, segundo pesquisa do Mandioca Brasileira. Ressalta-se, ainda assim, que um dos supermercados visitados estava com a maioria dos seus pães-de-queijo em promoção, atraindo os consumidores à compra.

Segundo a Bolsa de Cereais de São Paulo, as indústrias receberam pela fécula preços praticamente estáveis em maio, na comparação com a média de abril. No Sul Catarinense, os preços da fécula à indústria e no atacado também ficaram estáveis em relação ao mês anterior, segundo o Cepa/Epagri. A instituição catarinense informa que na região de Rio do Sul o preço às fecularias diminuiu 9,5% em maio, mas no atacado seguiu estável. O Cepea/Esalq/USP também indica preços em queda (máximo de -2,1%) para a fécula em maio, em todas as praças pesquisadas, exceto Ivinhema/MS.

Na seção Cotações, veja as tabelas de preços completas para o varejo e demais segmentos de mercado.

Desempenho das vendas dos supermercados

A Associação Brasileira de Supermercados (Abras) divulgou no último dia 28/maio que as vendas reais dos supermercados subiram 16,9% em abril deste ano, na comparação com igual mês de 2008, sobretudo por causa da Páscoa. Em relação a março deste ano, as vendas subiram 6,6%, enquanto no acumulado do ano até abril a alta foi de 5,7%. Esses números estão deflacionados pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). A Abras divulgou também o índice de volume de vendas, que cresceu 0,7% no primeiro quadrimestre.

Em coletiva à imprensa, a entidade destacou a retomada do faturamento em nível mais alto, mesmo crescendo em ritmo inferior ao do ano passado. Segundo a Abras, trata-se de um bom desempenho, levando-se em conta o cenário econômico mundial. "Temos de aguardar os resultados de maio e junho, mas é bem possível crescer próximo a 5% este ano", disse o presidente da associação, Sussumu Honda, acrescentando que a percepção preliminar é de que as vendas estarão aquecidas em maio. A projeção oficial da instituição, informada em janeiro, é de alta de 2,5% no faturamento real dos supermercados em 2009, em relação ao ano passado, segundo a Agência Estado.

De acordo com ele, as principais razões do otimismo encontram-se na manutenção do rendimento médio dos trabalhadores, o maior consumo das famílias nos lares e o processo de estabilização dos preços. "Um dos efeitos da crise foi que as pessoas deixaram de frequentar restaurantes e passaram a comprar mais nos supermercados para se alimentar em casa".

Redação e edição: Mariana Perozzi

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