terça-feira, 16 de junho de 2009

TÉCNICAS AGROECOLOGICAS PODEM SUBSTITUIR USO DE AGROTÓXICOS

Jun 16 2009 12:00AM

Fonte: Revista IHU Online - Unisinos

Segundo Flávio Lewgoy, crianças são mais suscetíveis a contaminação por agrotóxicos


Dando continuidade ao debate sobre os danos dos agrotóxicos à saúde humana, tema de capa da IHU On-Line da semana passada, publicamos a entrevista a seguir, concedida por e-mail, pelo professor aposentado do Departamento de Genética da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Flávio Lewgoy. Segundo ele, os números divulgados sobre a mortalidade e letalidade causadas pelos venenos agrícolas no Brasil “são obviamente muito inferiores”.



Lewgoy destaca a possível contaminação pelos domissanitários utilizados para matar insetos. De acordo com o pesquisador, três piretroides, ingredientes básicos desses produtos, e cartões de aparelhos de aquecimento elétrico para volatilização durante a noite “são avaliados como possíveis cancerígenos humanos: bifentrina, cipermetrina e permetrina”.



Confira a entrevista.



IHU On-Line – Qual é o índice de infectados por agrotóxicos no país?



Flávio Lewgoy - Milhões de pessoas, no campo, são expostas anualmente a pulverizações com agrotóxicos. A morbidade e a letalidade causadas pelos venenos agrícolas no Brasil em 2003, conforme o Sistema Nacional de Informações Agrícolas (Sinitox), são obviamente muito inferiores às reais. Por exemplo, o número notificado de casos de intoxicação por agrotóxicos em todo o Brasil, nesse ano, foi de 5.945. O total de mortes registrado foi de 164. Note-se que somente as intoxicações agudas e (quando notificadas) suas sequelas letais foram registradas. O número de centros regionais do sistema é insuficiente para abranger todo o país e, mais ainda, a notificação (para eles e deles para o Centro Nacional) não é obrigatória. Além disto, os efeitos crônicos podem surgir depois de semanas, meses, anos ou até mesmo gerações após a exposição aos agrotóxicos. Se o total de intoxicações agudas, numa estimativa conservadora, for dez vezes superior ao divulgado, ou seja, cerca de 60.000 casos anuais, o número de intoxicações crônicas superaria facilmente esta cifra.



IHU On-Line – Que impactos à saúde humana podem advir da exposição aos agrotóxicos?



Flávio Lewgoy - Agricultores e outros trabalhadores rurais, que trabalham com organofosforados, têm comumente distúrbios agudos como náusea, tonturas, vômitos, dores de cabeça, dor abdominal, problemas dermatológicos e da visão. A contaminação com esses produtos está associada com problemas e/ou sintomas crônicos, tais como doenças respiratórias, distúrbios da memória, afecções dermatológicas, depressão, déficits de função cognitiva, insônia, dificuldade na respiração, fraqueza e dor no peito. A exposição a herbicidas e inseticidas, afirma o Instituto Nacional do Câncer (USA), é causa provável de linfoma de Hodgkin, leucemias, câncer de próstata, mieloma múltiplo e sarcomas. Outras pesquisas indicam a exposição ocupacional a agrotóxicos como causadora de aumento de risco de anomalias reprodutivas: espermatozóides com anomalias morfológicas, nascimento de crianças com palato fendido e anomalias nos sistemas músculo-esquelético e nervoso, além de abortos e infertilidade.



As crianças são mais sensíveis aos efeitos dos agrotóxicos do que os adultos, conforme a EPA (Agência de Proteção Ambiental Americana), porque seu organismo ainda está se desenvolvendo; em relação ao seu peso corporal, elas comem e ingerem líquidos em bem maior proporção que os adultos, aumentando a sua exposição aos agrotóxicos, inclusive aos denominados domissanitários usados em casa para matar mosquitos e ba

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