terça-feira, 5 de maio de 2009

PESQUISA VISA MELHORAR PRODUÇÃO DE AGRICULTORES FAMILIARES

Embora sejam muitas as invenções tecnológicas para o desenvolvimento da agricultura, poucos são os trabalhadores rurais que têm acesso a elas. Mas, existem alternativas ao alcance dos pequenos agricultores, tendo por base os saberes locais, que podem auxiliar na produção rural, conforme a pesquisadora Ariadne Enes Rocha, da Universidade Estadual do Maranhão (Uema).

Por meio do projeto “Diversidade, biomassa e aporte de nutrientes em capoeiras submetidas ao uso agrícola pós-queima na Amazônia Legal Maranhense”, Ariadne Rocha está com o propósito de estabelecer subsídios aos saberes das comunidades locais, como forma de atenuar as perturbações resultantes de sua exploração insustentável, ajudando-lhes assim, garantir sua segurança alimentar.

Iniciada em 2009, a pesquisa está sendo realizada no assentamento São João do Rosário, do povoado Cajazal, localizado no município de Rosário. Segundo Rocha, as 429 famílias residentes no assentamento dependem da agricultura familiar para garantir a segurança alimentar. “Esta é a realidade de grande parte dos pequenos agricultores maranhenses”, observa.

“Repensar o sistema produtivo utilizado pelos assentados é uma necessidade urgente para a garantia da sustentabilidade do próprio sistema. A elaboração de estratégias com base na lógica de sucessão natural do ecossistema local e no modelo produtivo da região está mais próxima da melhoria real dos sistemas produtivos do assentamento”, assegura Rocha.

Com vistas a alcançar essa melhoria é que Ariadne Rocha vem trabalhando, com a participação da graduanda em Agronomia, Elys Regina Rocha, e do agricultor-pesquisador Eugênio Nascimento Cantanhede.

Seguindo a metodologia da pesquisa, inicialmente, está sendo feito um mapeamento das áreas de cultivo de pousio (descanso ou repouso dado às terras cultiváveis) dos assentados. Isso implica na identificação das espécies vegetais presentes nas capoeiras de 3 a 8 anos de idade e de floresta conservada, de 20, 25 e 46 anos, para posteriores análises fitossociológicas das mesmas.

Na sequência, também serão realizadas análises químicas do solo, da atividade microbiológica antes e pós-queimada e da serrapilheira (restos de vegetação, como folhas, ramos, caules, e cascas de frutos em diferentes estágios de decomposição, bem como de animais, que formam uma camada ou cobertura sobre o solo de uma floresta). “O objetivo é a caracterização da fitossociologia da vegetação secundária e atributos do solo sobre os parâmetros da regeneração natural em diferentes estádios de sucessão vegetal”, explica a pesquisadora.

Assegurar que a presença de uma paisagem implica na vocação agrícola de um terreno, além de não ser tarefa fácil, requer tempo e cautela. Por isso mesmo, Ariadne Rocha estabeleceu um prazo de dois anos para realizar seus estudos. “Assim, chegaremos ao resultado que almejamos, que se resume no fortalecimento da agricultura familiar, elevando a produção e melhorando a qualidade de vida dos assentados”, arremata.

Sobre a pesquisadora

Ariadne Enes Rocha é professora dos Departamentos de Fitotecnia e Fitosanidade do Centro de Ciências Agrárias (CCA). A pesquisa faz parte da tese que ela está desenvolvendo no Doutorado Interinstitucional em Agronomia, sob a orientação dos professores Dr. Leonaldo Alves de Andrade, da Universidade Federal da Paraíba (UFPB- Campus Areia); Drª. Francisca Helena Muniz, do Centro de Educação, Ciências Exatas e Naturais (Cecen/Uema); e Dr. Jacob Souto (UFPB-Campus Patos).

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